quinta-feira, 22 de novembro de 2012

louvar ou não louvar, eis a questão.

Ai... posso falar? Que chatice essa polêmica em volta do "Deus seja louvado" das notas de real.
Eu nunca tinha nem reparado na bendita frase e, de repente, um milhão de posts indignados com a retirada da dita cuja, como se não constar a frase na nota de dinheiro fosse uma ofensa a Deus - e todos os a Ele tementes -, como se Deus fosse se importar muito com isso ou, pior, como se somente os cristãos importassem.
Então, vamos lá: minhas opiniões sobre o caso:
1 - O argumento do Ministério Público é simples, direto, objetivo e incontestável: o Brasil é, teoricamente, um país laico. Se é laico, não tem que privilegiar esse ou aquele credo. Retirar a frase - que, visto deste ângulo, nunca deveria ter estado ali - não é uma forma de ofender os cristãos, nem de diminuir a importância de Deus nas suas vidas. É simplesmente uma forma de demonstrar respeito pela opinião de todos
2 - A Igreja Católica não tinha nada que se meter nem questionar coisa nenhuma. Afinal, a Casa da Moeda não é um templo religioso, não está subordinada a nenhuma religião (uma vez que o país é laico) e não ofendeu ninguém, nem mesmo a Deus (que como eu disse, certamente está ocupado com questões muito mais importantes e produtivas)
3 - Não sei porque tanta questão fazem de ter o Santo Nome vinculado à representação maior dos bens materiais, justamente Ele que tanto tenta nos ensinar a cuidar mais do espiritual. Deviam ser os cristãos os primeiros a querer que o nome de Deus fosse desvinculado da ideia do dinheiro, eu acho.
4 - por último, mas não menos importante: eu não acho que deveriam tirar a bendita frase das malditas notas. Acho que o Brasil devia era assumir de uma vez que esse negócio de laicidade é conversa pra boi dormir. Que é apenas politicamente correto o suficiente para dizer que todos os seus cidadãos são iguais perante a lei, independentemente da religião que sigam. No fundo - e nem tão fundo assim - o Brasil não tem nada de laico. A quantidade de feriados religiosos que aproveitamos, os recessos dos órgãos públicos (natal, páscoa, carnaval). É melhor não dar ideia, mas você nunca ouviu falar de uma repartição em recesso por causa do Yom Kippur ou o Eid al Fitr, ouviu? Por que não assumimos de uma vez que somos um Estado cristão (ainda que nossos cidadãos não cristãos tenham os mesmos direitos garantidos por lei), deixamos o dinheiro como está  e pronto?
Mas até que isso aconteça, o Estado é laico, sim, e o "Deus seja louvado" está sobrando ali naquelas notas sim... se você perceber esse detalhe.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

o meu... meu... ehr... noivo! Pronto, falei!

Eu estava noiva. E isso era o sonho da minha vida e eu estava muito feliz.
Mas aí eu tinha um noivo... e eu estava radiante por ter um noivo, mas sempre ficava meio sem graça de falar dele com quem não o conhecia.
É que eu tinha a impressão de que quando eu dizia, por qualquer motivo que fosse, "o meu noivo...", as pessoas pensavam "hum... meu noivo... só pra dizer que vai casar! Que exibida!"
Eu sei que tem gente que noiva por anos a fio, mas, na minha cabeça, noivo (a) sempre foi um estado provisório. Nunca entendi muito bem esse negócio de noivar sem saber quando se vai casar. Só para "dar um passo na relação"
Pra mim, noivado é aquele espaço de tempo entre o dia em que você decide se casar e o dia em que efetivamente se casa. Talvez você não saiba a data exata no momento em que assume o status, mas existe um prazo: vamos nos casar no ano que vem, no fim deste ano, em 2014... "Vamos casar daqui a dez anos", pra mim, não é noivado, é enrolação. Se você não tem condições de casar, por algum motivo, fique namorando até o dia em que puder fazê-lo.
Noivo - e, principalmente, noiva - é quem correndo proclames, planejando detalhes, resolvendo tudo o que envolve o tal "grande dia". Quem está só juntando dinheiro pra casar, na minha cabeça, é namorado.
Assim, noivos e noivas sempre tem assunto quando se fala em casamento, estão empolgados com essa expectativa, estão se contendo para não falar disso o tempo todo e entediar os amigos. Noivos e noivas estão felizes e acreditando, como nunca, na instituição do casamento. Noivas ficam estressadas e ansiosas, como se tudo o que diz respeito ao seu casamento despertasse nelas um tipo de TPM, que pode se tornar permanente, dependendo da noiva. Elas compram revistas de noiva, olhas sites de casamento, escolhem presentes. Passam todo um período se preparando para ser o centro das atenções e atraindo a atenção de amigas e mesmo desconhecidos.
Por essas e por outras, noivas passam por exibidas (e às vezes ficam exibidas mesmo) e eu, ficava sem graça em dizer que era noiva a desconhecidos. Conhecidos não. Parentes e amigos mais próximos aturaram e compartilharam toda a minha euforia, sem restrições ou reservas.

domingo, 11 de novembro de 2012

vida amorosa ou segundo turno de eleição?

Eu assisti a pouquíssimos capítulos de Salve Jorge até agora, e nenhum completo. No pouco que assisti, não fui com a cara da Morena e acho que o capitão estava muito melhor arranjado com a Érica (mas isso é apenas a minha opinião e não tem nada a ver com o conteúdo deste post). Só que ele se apaixonou lá pela Morena, terminou com a Érica e pediu a primeira em casamento. Eu não acompanhei os detalhes, não sei como isso tudo aconteceu, mas sei que aconteceu. Érica teve que se resignar, engolir o orgulho e o choro cada vez que cruzava com o capitão e ainda atender a mãe do rapaz dizendo que a preferia como nora.
Pois bem: essa semana, lendo as capas das revistas na banca de jornal (eu leio todas em todas as bancas por onde passo) vi que o Théo ia se decepcionar com a Morena, terminar o noivado, e que acabaria voltando para a Érica.
Não é a primeira vez que acontece. Aliás, é super lugar comum: a televisão nos dá a entender que só existem duas alternativas na vida amorosa de uma pessoa. Ou essa ou aquela. O conhecido "não tem tu, vai tu mesmo".
Na novela anterior, por exemplo, Jorginho amava a Nina, mas ela sumiu no mundo e ele se apaixonou pela Débora. Nina voltou e ele foi atrás dela, mas cada vez que brigaram ele tentou (com ou sem sucesso) voltar para a patricinha. Monalisa refez sua vida com Silas após a decepção com Tufão, mesmo sem ser lá tão apaixonada assim pelo dono do bar. Terminou com ele para voltar com o Tufão, mas quando a volta não deu certo, quis voltar pro negão. No final óbvio, foi feliz pra sempre com o jogador de futebol como se não tivessem passado nem dois dias do fim da relação (e haviam passado mais de dez anos)
O roteiro é batido e com poucas variações. Primeiro, o rapaz e a mocinha se encontram e se apaixonam perdidamente. Pode ser que os dois sejam livres e desimpedidos ou que pelo menos um deles já tenha um compromisso anterior. Então, aparece uma terceira pessoa na estória, que pode ou não ter o caráter duvidoso e separa os dois, ficando com uma das partes. Talvez eles fiquem juntos até o fim da estória, quando alguma reviravolta unirá novamente o casal principal, mas também pode ser que a estória seja repleta de idas e vindas (como nos exemplos já citados). De qualquer forma, mocinho e mocinha vivem felizes para sempre no no fim da estória. Ela, grávida,
Mas o final feliz da estória não é o que estou discutindo. Afinal, é isso o que a gente quer ver quando assiste a novela. É o meio que me incomoda. Aos mocinhos e mocinhas, dificilmente é dada a chance de conhecer novas pessoas, investir em um ano sabático viajando pelo mundo ou simplesmente ficar solteiro e feliz até o dia em que um novo amor aconteça. Ninguém pode ficar sozinho muito tempo. Isso de "solteirice" não é para protagonistas. A vida amorosa deles parece segundo turno de eleição - ou um ou outro - só que sem a opção de branco ou nulo.
Quando um mocinho viaja ou muda de cidade após uma briga com seu amado, nunca é porque vai ser legal, porque uma experiência interessante o aguarda ou porque ele sempre quis fazer um mochilão pela África. É sempre porque está fugindo.
Quer dizer, ele até pode mudar de cidade ou fazer o mochilão, mas seu sentimento é sempre de fuga, ele não aproveita a viagem, a oportunidade, não conhece gente nova (ou conhece a quarta pessoa, o que dá na mesma).
Observando a vida das pessoas que conheço (e a minha própria) eu tenho estado cada vez mais ciente de que essas coisas que a gente acha que "só acontece em novelas" acontecem mesmo na vida real, e mais comumente do que a gente acha que pode acontecer. Todo mundo conhece alguém que conhece alguém que foi clonado, se apaixonou por um dalit ou descobriu, depois de velho, que foi separado de um irmão gêmeo ainda bebê. Você não?... Bom, mas tem gente que conhece. De verdade.
A gente sabe que sociopatas existem, que crianças são abandonadas no lixão e que muita estrela por aí já foi empreguete. É evidente, então, que deve existir gente por aí achando que só tem duas opções na vida (a saber: o grande amor da sua vida ou o que não é o grande amor da sua vida, mas quebra um galho). E deve ser mais comum do que eu imagino.
Particularmente, no entanto, eu não vejo tanta gente presa a duas únicas opções na vida . Fica-se um tempo presa ao último relacionamento, "curte-se uma fossa" mais ou menos prolongada, e volta-se para uma relação anterior. Mas, de uma forma geral, acho que a maioria das pessoas conhece mais do que duas outras pessoas na vida (mesmo as que acabam com alguém que já conheciam no passado), que o leque de opções é mais amplo do que se mostra.
Talvez seja para economizar artista.
Mas me dá um nervoso essa coisa das novelas...