segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dá pra ser assim?

Quero muito falar sobre essa entrevista da Oprah com as mulheres dinamarquesas (http://www.youtube.com/watch?v=o-Ys-sD7kv8). A Dinamarca foi considerada, segundo pesquisa de uma universidade britânica, o país cujos habitantes são as pessoas mais felizes e este outro vídeo traz alguns dos motivos (http://www.youtube.com/watch?v=H8woI9ExbKg).
Agora, observem as respostas das dinamarquesas às perguntas da Oprah. Como sempre, tem uma parte, em especial, que me chama a atenção: não existe uma grande diferença entre os ganhos de advogados, arquitetos, professores e açougueiros. E quanto mais se ganha mais se paga em impostos, o que faz com que a desigualdade social seja das menores. Com isso, as pessoas não escolhem seu emprego pelo que vão ganhar, mas baseados em seus interesses e valores. "Valores humanos", elas dizem.
Isso significa que os professores são professores porque gostam e querem ensinar, que os médicos e enfermeiros estão lá porque querem e gostam, e porque todos eles recebem salários dignos e têm excelentes condições de trabalho, todos os demais podem contar com excelentes educação e cuidados com a saúde, por exemplo. É óbvio que você faz melhor o que você gosta de fazer, mas aqui, do nosso lado do mundo, é extremamente comum ver pessoas desistindo das carreiras que gostariam de seguir porque não há retorno financeiro ou condições de trabalho.
Esses dias mesmo, no metrô, ouvi uma menina conversando com a mãe sobre sua escolha profissional. Ela estava desistindo de prestar vestibular para nutrição porque o piso salarial era de não me lembro quanto, mas baixo. É claro que nenhum de nós vai para a universidade pensando em sair de lá e entrar no mercado de trabalho para ganhar o piso, mas é algo que pode acontecer e ninguém quer viver com menos do que precisa para viver dignamente. Daí que nosso mercado está cheio de gente que não gosta do que faz, logo, faz mal feito e desvaloriza o trabalho de quem gosta do que faz.
Nossas escolas têm professores insatisfeitos, nossos hospitais tem médicos esgotados e toda aquela estória que a gente já conhece de cor, porque aparece na televisão todos os dias.
Segundo a reportagem, a Dinamarca é o país que mais paga impostos na Europa (lembra alguma coisa?), mais de 50% do salário, mas quase ninguém reclama, porque vêem o retorno: as escolas públicas, o auxílio desemprego que pode durar até 4 anos (mas que ninguém quer, ao contrário de algumas bolsas conhecidas), as mulheres têm um ano de licença maternidade (minha nova obsessão), etc, etc, etc.
Quer dizer, se nossos hospitais funcionassem e nossas escolas públicas fossem de qualidade, e se as pessoas realmente pagassem mais impostos quanto mais altos fossem seus ganhos, aí eu nem ia ficar tão revoltada dos nossos políticos aumentarem seus salários um milhão de vezes. Mas aqui, em vez de pagar mais porque ganha mais, a maioria sonega mais nessas circunstâncias...
Aí, lá no final da entrevista, a mocinha lança a seguinte pergunta: "você não acha estranho que somos considerados uma das nações mais felizes do mundo e também uma das menos religiosas?"
E eu pergunto: vocês não acham estranho que, apesar de serem considerados uma das nações menos religiosas do mundo, eles sejam muito mais ativos nos ensinamentos de respeito (e, por correspondência, de amor) ao próximo, e de igualdade entre os homens? De não roubar, não matar, não enganar. De não se entregar à preguiça, à ira ou à intolerância?

Um comentário:

  1. eles não são religiosos, mas passam os mesmos ensinamentos. Tipo da no mesmo ^^

    Mas quase nao da pra acreditar que lugares assim existem, lugares onde as coisas funcionam. *suspira*

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