sexta-feira, 6 de julho de 2012

licença maternidade

Há milhares e milhares de anos atrás, quando o homem ainda vivia nas cavernas, homens e mulheres desenvolveram aptidões específicas para os papéis que desempenhavam no grupo (não sei se já podiam ser chamados de "sociedade" nesses primórdios). Os homens desenvolveram a força, o foco, a visão noturna, a noção de estratégia e o que mais lhes foi necessário para a caça e a defesa da comunidade. As mulheres, por sua vez, desenvolveram as qualidades necessárias para os cuidados com as crianças e com os homens que voltavam de suas atividades e as coisas se mantiveram assim por muito tempo, até que o homem saiu das cavernas e se organizou em sociedades, que progrediram e atingiram patamares em que homens e mulheres podem desempenhar, de uma forma geral, as mesmas atividades.
Os homens ainda têm mais força física, as mulheres ainda são mais cuidadosas, de uma forma geral, mas aquele mundo organizadinho, em que cada um tinha seu papel claramente definido no momento em que nasciam (biologicamente, antes, até), deu lugar a um outro, em que mulheres querem ir à luta (em todos os sentidos) e aos homens é cobrado que sejam mais participativos na criação dos filhos e cuidados com a casa.
Uma coisa, apenas, não ficou igual entre os sexos: apenas a mulher é capaz de gerar e amamentar um bebê. E o bebê nasce, instintivamente, dependente de sua mãe. Dela e de mais ninguém. Se se sente ameaçado, incomodado ou faminto, ele chora até sentir o cheiro da mãe, até estar em seus braços. A mãe, por sua vez, sente a necessidade instintiva de estar perto de seu filho para protegê-lo, para ter certeza de que tudo está bem com a sua "cria".
Nosso país garante 4 a 6 meses de licença maternidade. É muito melhor que muitos outros países (não a Suécia, evidentemente), mas sinceramente, acho pouco. Eu ainda não tenho filhos, mas conheço várias mulheres que têm. Acho uma violência separar os bebês recém nascidos de suas mães tão depressa. Sim, é muito depressa. Pode ser uma eternidade para a produção da sua empresa, mas para a mãe e o bebê é, certamente, um piscar de olhos!
Estou falando sobre isso porque eu tenho lido um milhão de artigos em revistas femininas falando sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres. Não é que eu não ache injusto. Acho óbvio, se ocupam o mesmo cargo, com as mesmas responsabilidades e tudo mais, que tenham necessariamente o mesmo reconhecimento dentro da empresa, e isso inclui o salário. Nem sei porque ainda temos que conversar sobre esse tipo de coisa a essa altura do campeonato. 
Apenas eu, se pudesse escolher, receberia menos que um homem na mesma posição em troca de uma licença maternidade mais longa (lógico que não estou falando de trabalhar por metade do salário de um homem por causa disso - até porque eu não vou passar metade da minha vida profissional de licença, mas no meu mundo ideal poderia haver, sim, uma diferença razoável). Funcionaria para mim e para a empresa como uma espécie de compensação. Eu poderia passar, digamos, o primeiro ano do meu filho me dedicando exclusivamente aos cuidados que ele demandará. A empresa, por sua vez, não teria razão para sentir-se lesada com este período de ausência, posto que teria uma despesa menor comigo durante todo o período em que eu estivesse tão produtiva quanto qualquer homem de seu quadro de funcionários. Com a opção (infelizmente não pode ser aplicada a todo tipo de trabalho, mas a alguns), inclusive, de trabalhar remotamente, parte desse período.
Acho, inclusive, mais justo e digno termos uma licença maternidade prolongada do que contribuir por menos tempo. Eu, igualmente de bom grado, contribuiria os mesmos 35 anos ou me aposentaria aos mesmos 65 anos, para compensar uma licença maternidade mais longa e digna.
Não sei se sou a única a pensar desta forma ou se as pessoas simplesmente não pensam sobre o assunto. Como disse, nossa situação é melhor que a de mulheres de outros países e talvez por isso não gere discussões a respeito, mas também já comentei em outro post minha observação de que, nos artigos com "mulheres bem sucedidas" das revistas femininas, é muito mais comum ouvir sobre como essas vencedoras driblaram a culpa por não passar tanto tempo com seus filhos do que sobre como conseguiram adaptar sua vida profissional para passar mais tempo com eles E cumprir com suas metas na carreira.
É claro que a criança sobreviverá e se criará entre babás, creches e avós, mas será esse mesmo o caminho ideal? É isso mesmo o que queremos para nossos filhos e para nós mesmas?

3 comentários:

  1. Essa questão da licença maternidade eu vi mt pouco. Ja ouvi de paises (esses estilo Suécia) que tem tipo 1 ou 2 anos de licença maternidade!! Nossa, quanta dignidade numlugar só!. Realmente nossos miseros 4 a 6 meses são .... tão poucos. Bom, não da pra dizer que as crianças não sobrevivem a isso, mas acho que seria mais humano permitir que a mãe fosse mãe.

    Eu queria saber sua opinião sobre licença paternidade. Pois é ouvi isso e nem sei se existe. Acharia justo se o casal conseguisse cada um trabalhar meio periodo por exemplo - alem dos primeiros meses integrais pros 2 (ou para mãe pelo menos).

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    1. Gabi, eu sou eterna defensora de que os pais tem que ter tanta responsabilidade e participação na criação dos filhos quanto a mulher, mas num primeiro momento, não adianta muito não ser a mãe, por causa do comportamento instintivo do bebê e da amamentação. A licença paternidade existe, sim. No Brasil, é de alguns dias, para que o pai possa ajudar a mãe nos primeiros cuidados, em casa, na chegada do bebê, o que já é bem legal. No Canadá, pelo que eu li, passados os primeiros meses, tanto o pai quanto a mãe podem tirar a "extensão" da licença. Pode ficar um pouco um, depois o outro, por um tempo. Isso também é bacana, porque a mãe não fica longe do trabalho por tanto tempo, mas a criança também não fica sozinha. No meu mundo ideal, pai e mãe poderiam trabalhar meio expediente por um tempo, um de manhã o outro à tarde, hehehe. Assim ninguém ficaria sem trabalhar e os dois cuidariam do bebê, mas isso, eu sei, seria beeeeem mais complicado de se colocar em prática.

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