quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sobre nomes. Sobrenomes

Meu avô paterno se chama Ivair Brito Peres. Minha avó tinha por último nome de solteira Gonçalves. Por algum motivo desconhecido, quando se casou, em vez de passar a assinar Maria Gonçalves Peres - como seria de praxe - minha avó passou a assinar Maria Gonçalves Brito e, da mesma forma, meu pai e minhas tias foram registrados com o sobrenome Gonçalves Brito.
Meu futuro sogro se chama Narciso Gonçalves Pires. Se as coisas tivessem acontecido como "deveriam", eu teria o sogro Gonçalves Pires e o pai Gonçalves Peres - o que seria uma coincidência divertida. Eu seria Juliana Peres, em vez de Juliana Brito, e, sendo meu noivo Diego Pires, se eu passasse a usar seu sobrenome após o casamento, seria Juliana Peres Pires (olha o ridículo hahaha).
Isso se eu tivesse casado a alguns anos atrás ou em outro cartório, porque a lei diz que você tem o direito de adicionar o sobrenome do seu cônjuge ao seu, somente, e muitos cartórios já não permitem que a mulher suprima o sobrenome da mãe ao adicionar o do marido, como sempre se fez. O cartório em que nos casaremos é um desses.
Assim, como não posso virar Juliana Brito Pires e como Teixeira de Freitas Brito já é sobrenome longo o suficiente para uma pessoa, eu optei por não colocar mais um nome na fila e manterei meu nome de solteira após o casamento.
A sensação é estranha. As pessoas dizem que assim é mais fácil, não tem que tirar todos os documentos de novo e se o casamento der zebra, não tem que desfazer tudo uma vez mais. Pra mim, soa meio agourento, como se você já casasse pensando no divórcio que virá. Eu sei que o número de divórcios aumenta a cada dia, mas acho que a maioria das pessoas não casa pensando em se separar. Trocar o nome pode ser trabalhoso, mas é romântico. Para as meninas românticas e noivas apaixonadas, que sonham com suas vidas de casadas, assumir o sobrenome do outro é um prazer, não importa quanto tempo você vai levar pra trocar tudo o que é documento depois.
(Só para constar, na Suécia os noivos podem escolher à vontade, até onde eu sei. Podem ficar os dois com o sobrenome da mulher, inclusive. Pode ela ficar com o dele e ele com o dela pode ser primeiro o dele e depois o dela, etc, etc)
Não entendi o porquê de os cartórios me impedirem de fazer com o meu sobrenome o que já se fazia há décadas. Mais, não entendo porque eles se metem no meu sobrenome, mas não se metem quando uma mãe resolve registrar o filho com aqueles nomes absurdos que a gente vê por aí e que somente um quadro crítico de depressão pós parto explica. Esses nomes que você não imagina como uma mãe que acabou de dar à luz segura seu bebezinho cheia de amor e diz: "ele vai se chamar Evandinicleison" (ou coisa pior). Eu me pergunto se as condições das maternidades não influenciam nesses quadros de ódio pelo seu próprio rebento. E o que acontece com os pais dessas crianças, que aceitam essas coisas e vão lá no cartório e registram a tragédia?
Nessa hora o cartório não diz que não pode. A lei não diz que não pode. Não diz nem pro tal pai voltar pra casa, pensar melhor, conversar com a mãe da criança sobre a repercussão de um nome desse na vida da criança e voltar no dia seguinte. Não pede a um assistente social que vá ver em que condições psicológicas vive essa família pra querer fazer isso com o pobre bebê. Ninguém é obrigado a ter bom senso. O corretor ortográfico tem o bom senso de sublinhar em vermelho o nome Evandinicleison quando eu o escrevo, mas deixam registrar. E eu não posso virar a senhora Juliana Brito Pires porque eles têm certeza de que eu vou me divorciar! Aff...

8 comentários:

  1. É, Ju! Realmente, é um desaforo não poder escolher o próprio nome! Se ao menos houvesse uma explicação plausível!!
    Eu não sabia que agora não se pode mais tirar o sobrenome que ganhamos da mãe. Isso é novidade pra mim.
    E vejo que se eu algum dia me casar, acontecerá o mesmo comigo, que já tenho sobrenome tão grande quanto o seu... "/
    Esse post combina bem com o título do Blog: "Vou embora pra Suécia". Nessas horas, deve é dar vontade de ir mesmo...
    Beijão!

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    1. Pois é, Bella, tem cartório que deixa tem cartório que não deixa. Depende do que você vai casar. Minhas primas conseguiram alterar, em São Paulo, e a minha cunhada também, em Brasília. Em Fortaleza, minhas amigas não conseguiram e em Miguel Pereira, infelizmente, eu não consegui. Conheço uma menina que não conseguiu no Rio, mas conseguiu em Niterói. E como pra casar você tem que ir no cartório mais próximo da residência, você tem no máximo duas chances: o mais próximo da sua casa e o mais próximo da casa do noivo. Se não morar com seus pais, você ganha mais opções, porque o comprovante de residência pode ser em nome deles, enfim...
      Eu, sinceramente, não entendo o motivo da regra e entendo menos ainda essa variação de cartório pra cartório.

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  2. O teu nome é apenas Juliana Brito? E não é pra ter isso de cartório, não. É pra não poder em todos!

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    1. Marcio, meu nome todo é Juliana Teixeira de Freitas Brito. É que se fosse colocar o nome do Diego, tinha que tirar o Teixeira de Freitas, como se fazia antes, e ficar Juliana brito Pires. Juliana Teixeira de Freitas Brito Pires ia ser comprido demais!

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  3. Entendi. Aí tu preferiu não mudar, né? Porque, até onde sei, a única opção hoje é pra ser apenas incluir o outro nome no final. Aliás, se o Diego colocar também, vocês ficariam com os nomes finais trocados.

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  4. Exatamente. Como a lei só deixa acrescentar, resolvemos deixar as coisas como estão, mesmo. Mas é como eu disse: tem gente casando por aí que ainda consegue tirar um sobrenome pra colocar outro, tem cartório que deixa, sim.

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  5. Ah, Ju... Eu sou o romantismo em pessoa, mas não mudaria uma sílaba do meu nome. Abrir mão de um sobrenome é meio violento pra mim. Cada letrinha do meu nome faz parte da minha identidade e da minha história. Eu imagino como vc se sente em náo poder ter o nome que gostaria de ter... mas pra mim vc vai ser sempre a Ju Brito! Mesmo acreditando que vc e o Dieguito seráo felizes para sempre... com filhinhos Brito Pires lindos de morrer!

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    1. Ah, Mari, sabe que eu fiquei na dúvida (trocar ou não trocar, eis a questão), mas o simples fato de não ter essa alternativa já me incomoda! Pura rebeldia? Talvez. Eu gosto do livre arbítrio, gosto de ter o direito de ficar em dúvida. E eu não ia deixar de ser JuBrito, afinal de contas...

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