domingo, 19 de agosto de 2012

Quer saber da minha vida? Então faça parte dela!

Minha amiga Ligia recentemente esteve na Itália e me mandou um postal, que encontrei na minha caixa de correspondência na última semana. Ela tinha feito o mesmo quando de sua viagem ao Japão, mas acho que desta vez não cheguei a dizer-lhe que o recebi e o quanto fiquei feliz em recebê-lo, por isso peço licença para registrá-lo, agora: Lili, eu amei a surpresa!
Para minha querida amiga Mariana, que coleciona postais enviados pelos amigos viajantes, eu enviei um de cada país que visitei - alguns escritos a "quatro mãos", em parceria com amigos em comum. Ela, claro, fez o mesmo em suas viagens.
Receber um cartão postal é o mais próximo de receber uma carta a que chegamos nos dias de hoje. Já não se escrevem cartas contando as novidades ou dizendo ter saudades. Talvez já não se sinta tanta saudade com tantas opções tecnológicas para enviar fotos, vídeos, e mesmo conversar "ao vivo", em videoconferência.
Me sinto uma velha dizendo isso, mas essa geração não conhece a felicidade de abrir a caixa de correspondência e achar algo mais que contas. Seja o cartão que chega de surpresa, seja a resposta a uma carta que se espera ansiosamente.
Receber um postal causa a mesma alegria que receber uma carta e receber uma carta não é como receber um e-mail. Não é como ter uma nova publicação no seu mural ou o comentário de um seguidor no twitter. A carta tem personalidade. Desde o papel até a caligrafia de quem a escreveu - e mesmo as rasuras no texto -, a carta parece nos deixar mais próximos de quem a enviou. A carta permite um contato físico, é como a diferença entre folhear um livro e lê-lo na tela do computador.
Quando eu era mais nova e o computador não era usado para mais do que trabalhos escolares, costumava trocar cartas com alguns amigos. Uma amiga, em especial, era conhecida apenas por cartas. nunca nos encontramos. Outro, conheci somente algum tempo depois de começarmos a nos corresponder.
Com minhas amigas gaúchas troquei cartas que chegavam a ter resposta na caixa do correio já no dia seguinte ao seu envio (se pusesse a carta no correio de manhã, ela chegava no mesmo dia).
Em todos os casos, a frequência com que nos dávamos notícias caiu consideravelmente quando começamos a fazê-lo por e-mail e mais ainda quando apareceram as redes sociais.
Eu não desmereço as redes sociais. Juro que não. Elas te dão a vantagem de poder procurar pessoas que não vê há tempos, com quem perdeu contato e de quem, dificilmente, conseguiria o endereço ou telefone se não houvessem amigos em comum. De quebra, pode descobrir um pouco do que aconteceu em suas vidas nesse meio tempo. Se casou, se teve filhos, se foi morar em outra cidade. Quase nem precisa marcar um encontro para colocar as novidades em dia. Dependendo dos filtros e bloqueios do perfil pesquisado, você nem precisa que o outro aceite um pedido de amizade seu. É fácil, rápido, e... superficial.
Não sei se é porque eu nunca fui "popular" mesmo ou se por temperamento, mas não vejo muita utilidade em "colecionar" contatos. Não tenho um milhão de amigos, não adiciono gente que não conheço e não saio adicionando todo mundo a quem sou apresentada. Mais ou menos regularmente, faço uma "limpa" na minha lista de amigos e retiro aqueles com quem não existe interação frequente. Me dá um nervoso pensar que o que coloco na rede para dividir com os meus amigos, um monte de outras pessoas - que não estão, necessariamente, interessadas no que eu tenho a dividir - verão também. São fotos pessoais, comentários pessoais, opiniões pessoais. Não é como um post no blog, escrito para todo mundo ler. O que eu posto no facebook é para os meus amigos e familiares verem. Só.
Isso quer dizer o seguinte: se você descobrir que não está mais entre os meus amigos, não fique magoado. Não quer dizer que eu não vá com a sua cara, apenas que não conversamos. Você, provavelmente, nem lembra que eu estou ali ou entra no meu perfil de vez e quando somente para olhar o que há de novidades. Não conversa, não comenta, não curte, não dá notícias suas. Talvez me dê os parabéns no meu aniversário, mas não passa disso.
Eu, provavelmente, faço o mesmo com você. E como acho isso meio doentio, prefiro removê-lo da minha lista de amigos. Não é algo irrevogável. Não há magoa nisso. Apenas, por algum motivo, nos afastamos. Isso já aconteceu com outras pessoas em nossas vidas e certamente voltará a acontecer com outras mais. No momento em que de alguma forma nós nos reaproximarmos, podemos novamente ser amigos virtuais.
Acontece que, se estivéssemos nos tempos das cartas, você não saberia nada da minha vida sem falar comigo, então por que, virtualmente, o negócio tem que ser diferente?

6 comentários:

  1. Juju!!! Adoro receber seus postais, mas hj chegou uma cartinha sua que me deixou ainda mais feliz! Adivinha o quê? :-)

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  2. Tive que compartilhar esse texto! =)

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  3. Delícia essa blog, Ju!
    É muito gostoso vir aqui...
    Ah, não me corte dos seus amigos, por favoooor, porque é assim, pelo menos, que fico sabendo que tem postagem nova no blog!!! hehehehe... :)
    Brincadeiras à parte, esses dias mesmo estava pensando nisso, das cartas, de como era bom enviá-las e recebê-las, e da tristeza de não termos mais esse costume feliz de pegar um papel de carta coloridinho, perfumadinho, ou uma folha de caderno (com adesivos fofos) e mostrar pra pessoa que a gente faz questão que ela faça parte da nossa vida.
    E achei que sua observação sobre a exclusão de pessoas de sua lista de amigos faz todo o sentido, tem lógica. Claro que tem gente que não vai entender, não vai gostar, e aí já viu! Mas vou pensar seriamente em adotar essa política...
    Beijão, Ju!!

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  4. ai eu to me perguntando como vc ainda nao me deletou dos seus amigos virtuais hahahahha e de bonus ainda ganhei convite! xD

    Eu sou louca pra fazer essas limpas, mas não tenho coragem rsss

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