terça-feira, 8 de janeiro de 2013

post de natal, atrasado

Então foi natal. E eu tenho que confessar que tenho cada vez menos entusiasmo com a data. Sobre o natal eu penso o mesmo que de outros feriados: qualquer desculpa para estar com a família da gente é bem vinda. No meu caso, que trabalho nos feriados, nem pra isso o natal serve muito, mais.
Pra mim, natal é coisa de família com crianças pequenas, que ainda acreditam em Papai Noel (e eu imagino que essa seja uma fase cada vez mais curta na vida das crianças, hoje em dia).
Acho que isso começou quando o natal passou a chegar em outubro, logo pós o dia das crianças.
Eu entendo que as empresas querem vender, e que para elas qualquer desculpa para vender é que é bem vinda, mas o fato é que - quando o natal finalmente chega - eu já estou cansada de ouvir falar em presentes, decoração nevada e papai noel que, sabe Deus como, não passa mal no calor do verão carioca.
Fica chato.
Quando eu era pequena - e acho que já comentei algo sobre isso em outro post - as férias de fim de ano eram o tempo de ir para a casa das avós e encontrar os primos. Isso porque normalmente nós ou eles estavam morando longe. Final de ano significava chegar cedo na Rua Selva e ficar esperando os Mazzini chegarem ou chegar depois deles e ficar na dúvida entre subir a ladeira da casa da vovó buzinando ou no mais absoluto silêncio, para que só soubessem da nossa chegada quando já estivéssemos na porta da casa. Significava que pensaríamos, ensaiaríamos e apresentaríamos nossas peças e apresentações musicais para a família (e, invariavelmente, brigaríamos durante esse processo)
Final de ano significava ir para a casa da vovó Maria e bagunçar tanto o quarto dela com os primos que é realmente incrível que ela não se aborrecesse. Era gastar resmas de papel desenhando mensagens de "salve a natureza" pra distribuir no parque, perto da casa da dinda.
Naquela época, o fim de ano tinha todo um contexto e o natal fazia todo o sentido como sendo uma festa para comemorar a época em que as minhas famílias conseguiam se reunir por uns dias. Era época de férias escolares e tal.
Faz muito tempo que eu tenho férias no fim do ano. Um dia ou dois de folga para comemorar o natal ou o ano novo, assim, meio corrido.
Natal passou a ser um dia isolado, precedido de quase 3 meses de anúncios de coisas que eu não deveria deixar de comprar para deixar as pessoas que eu amo felizes. Um dia em que, todo ano, se come a mesma comida.
Aliás, o sonho natalino da minha vida é servir pizza na ceia de natal. Nem que seja de pizza de peru. Só pra ser diferente.
Acho que se fala tanto em presente que o natal ficou meio empacotado, meio rotulado. Ficou meio chato, previsível.
E eu ainda tenho a sorte de realmente gostar de estar com a minha família! Porque né? tem gente que nem isso. Eu canso de ouvir por aí piadas e comentários sobre como é chata uma reunião de família. E aí as pessoas têm que se aturar porque é natal. E elas não têm só que se aturar, têm que fingir que se adoram. E comprar presentes umas para as outras.
Não me entendam errado. Não é nenhum tipo de amargura. É só uma constatação de que uma coisa tão valorizada pela mídia vem, gradativamente, perdendo a importância para mim. Ou, ao menos, perdendo a sua essência...
Quer dizer: eu gosto de estar com a minha família. E qualquer desculpa vale. Mas se isso acontecer no natal, ou no meio de agosto, pra mim não faz diferença.
Apesar disso, eu devo admitir que gosto muito das minhas coisinhas de natal - que não montei este ano porque a gata destruiria tudo quase que imediatamente: minha árvore, feita em madeira pelo papai, com todo o carinho, nos mesmos moldes em que o meu bisavô fez uma para cada filho, e que, depois, minha mãe e minhas tias ganharam as suas também. Na minha, nem bolas de vidro, nem luzes, nem neve falsa, só bonequinhos de madeira pendurados por finos fios dourados, que dão um certo brilho ao conjunto. Uma verdadeira e delicada obra de arte. E o presépio: argentino, fofo, tem uma lhama entre os bichinhos da manjedoura A lhama e os pés gordinhos de José e Maria foram decisivos na minha escolha. São bonitinhos. Mas até que eu arrume uma redoma de vidro para mantê-los a salvo da Estrelinha, ficarão encaixotados, para sua própria segurança.
No móvel da sala, apenas meu lindo julbock (http://pt.wikipedia.org/wiki/Julbock), trazido diretamente da Suécia pelo querido Niclas, quando veio ao Brasil, Já não me lembro se ele deve ficar virado para o norte ou para o Sul, para afugentar os maus espíritos, mas também não sei se os maus espíritos do hemisfério sul chegam pelo mesmo lado que os da Escandinávia, então ele fica lá, só enfeitando. O ano todo.

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