quarta-feira, 13 de junho de 2012

Antipática, eu? Impressão sua.

Eu sou antipática. Ou, pelo menos, é isso o que você vai pensar de mim quando nos virmos pela primeira vez. Por anos eu tentei me livrar desse rótulo, mas, de uns tempos pra cá resolvi assumi-lo e esperar que as pessoas descubram o contrário e me digam - desta forma recebo o elogio.  Não é fácil, requer muita terapia e aceitação, mas tem funcionado melhor assim. 
Ser tímido é assim: é estar à margem do sociedade, sem coragem de se aproximar. É, muitas e muitas vezes, passar por antipático, por metido, por esnobe; é ter as pessoas achando que você se acha melhor que elas e por isso prefere não se misturar. Aquele momento da sua vida em que um amigo vira pra você e confessa que "quando eu te conheci te achei tão metida!", nós, os tímidos, a conhecemos muito bem.
A maioria das pessoas antipáticas, metidas e esnobes que eu conheci não eram tímidas, mas tinham uma característica em comum conosco: não "se misturavam". A grande diferença é que elas não queriam, mesmo, se misturar, enquanto o pobre tímido quer, mas não sabe como fazer isso.
Nós não sabemos iniciar uma conversa, por trivial que seja, e não "interrompemos" a conversa dos outros pra dar nossa opinião, a menos que estejamos entre amigos. Você mal vai ouvir a voz de um tímido numa roda de desconhecidos e se lhe perguntarem diretamente o que pensa de um assunto, provavelmente ficará sem resposta, pois não está acostumado a ser ouvido. Aliás, o tímido normalmente fala "pra dentro", por isso você talvez não ouça quando te desejarmos um bom dia no elevador ou agradecermos uma gentileza (o que certamente não contribui para a imagem que fazem da gente). 
Se você é tímido e, assim como eu, mudou de endereço (e de vizinhança, escola, balé, judô, etc) algumas vezes, sabe que esse é um forte agravante da sua condição de preterido: primeiro por que você será constantemente o "elemento estranho", tendo que desfazer primeiras impressões equivocadas e fugir dos rótulos já citados. Segundo, porque os grupos de amigos já existem e você não faz falta. Se não der um jeito de se enturmar, vai ser difícil que alguém faça isso por você. 
Em tempo: se você, amigo ou namorado de um tímido, estiver disposto a ajudá-lo a se enturmar, esqueça de vez a ideia de levá-lo a uma festinha para apresentá-los a toda a sua turma de uma vez! E evite apresentações do tipo "Pessoal, olha só, esse aqui é o amigo que eu disse que ia trazer!" Transformar um tímido no centro as atenções, meu amigo, é a pior coisa que você pode fazer por ele.
E como "desgraça pouca é bobagem", as pessoas podem fazer ideia ainda pior de você, dependendo de outras características.
Na minha última crise existencial por conta dessa profunda inaptidão social que a timidez provoca, ouvi a seguinte teoria do meu namorado: "Um problema é que você, além de tímida, é bonita (atenção: foi ele que disse, não eu!). Se você fosse tímida e feia as pessoas iam pensar "tadinha da menina, é tímida. Vamos chamá-la pra conversa pra ela se enturmar"; mas você é bonita, então elas logo pensam que você é metida".
Quer dizer, feio e tímido pode, causa até uma certa empatia, solidariedade. Tímido e bonito é metido, convencido e não merece compaixão. Tímido e rico, tímido e culto, tímido e famoso...
O fato é que vai ter sempre alguém analisando e julgando o seu conteúdo antes de te conhecer. É o tal do "pré-conceito" e todos nós temos os nossos, não importa o quão politicamente corretos tentemos ser ou parecer. Julgamos os outros de acordo com os nossos valores, cultura e sensibilidade. E como valores, cultura e sensibilidade variam de pessoa para pessoa, é claramente impossível agradar a todos (ainda mais, de primeira)
Por isso, eu resolvi ouvir minha terapeuta e parar de me preocupar em agradar. Meus poucos e bons amigos provam que a primeira impressão nem sempre é a que fica e que aqueles destinados a fazer parte da sua vida vão encontrar um caminho de chegar até você.

7 comentários:

  1. Não te achei metida quando te conheci. Tudo bem que o contexto foi bem fora do comum, fazendo jus ao final do post "aqueles destinados a fazer parte da sua vida vão encontrar um caminho de chegar até você". Eu acho que no nosso caso, essa amizade tinha que acontecer. Né?

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  2. Ju, quando uma pessoa possui empatia, é impossível pontuar o adjetivo: antipatia.
    Você é, incrivelmente, uma, das mais, linda pessoa; e, claro, mulher. Beijinhos, Ta

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  3. Descobri o seu blog sem querer e adorei os seus textos. Bj

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  4. Ju me lembro de quando me falaram que você era meio calada hahahha eu nunca me importei mt pq tenho um passado de timida e continuo um tanto antissocial e sou do tipo que não faz questão de de agradar ninguem então eu me dou super bem com pessoas do tipo "fica na sua que eu fico na minha" hehe E pra gostar de mim e descobrir minha ~~personalidade incrivel~~ só o tempo mesmo. De cara eu não tenho nada pra apresentar hahaha.

    Sei mt bem dessa historia de mudar de casa e ser o "elemento estranho", de odiar ser o centro das atenções e ficar cala em conversas de grupo por não ter voz pra dar opniao etc. Mas eu resolvi superar isso e aceitar que sou antissocial mesmo e que ja fui mais timida.

    Espero que você descubra seu caminho para sua auto confiança e aprenda a lidar com sua timidez ou supera-la. =)

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  5. Nossa gostei do que li aqui hoje, sempre fui muito na minha e de verdade nunca me importei quanto ao que os outros fossem pensar a respeito, mas o meu namorado chamou a minha atenção quanto ao o "meu jeito de ser", pelo fato dos pais deles terem questionado, eu to bastante chateada por ter ouvido que "não sou timida mas sim antipática", eu não sei em que mundo essas pessoas vivem, não entendo o porque de não respeitarem a maneiras do outro de ser.
    Estou em crise comig mesma, me sinto um ser estranho.

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