sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que vai ser quando crescer?

A gente vive vendo as pessoas perguntarem às crianças "o que você vai ser quando crescer?" As respostas podem ser as mais variadas, dependendo de quantas profissões a criança conhece, mais engraçado seria perguntar "como vai ser  a sua vida quando você crescer?"
Quando eu era pequena eu queria ser médica. Eu quis ser várias coisas, mas houve uma época em que eu queria ser médica. Pediatra. Com isso eu ia ganhar muito dinheiro e comprar uma fazenda. Na fazenda eu ia montar um posto de saúde e ia fazer, com meios próprios, uma espécie de conjunto habitacional ou comunidade de subsistência, em que famílias de baixa renda poderiam cultivar um pedacinho de terra, ia te ruma escolinha, etc, etc, etc. E aí, como eu ia continuar clinicando e ganhando dinheiro, eu ia comprando mais e mais terrenos pra ajudar o maior número possível de pessoas. Lindo, não é? Eu tinha desenhos de cada um dos prédios (do posto de saúde, da escola, das casas,...), guardados em uma pasta. O lugar tinha um nome e até uma logomarca. Totalmente surreal! 
Numa outra época, quando moramos em São Leopoldo, eu e minha prima resolvemos que nos mudaríamos de vez para o Rio Grande do Sul assim que possível (o que significava, provavelmente, os nossos 18 anos, quando seríamos totalmente independentes de nossos pais). Nossa rotina incluiria faculdade, academia e namorados lindos e inteligentes. Tudo muito divertido. Acho que a gente não chegou a pensar de onde viria o dinheiro que nos sustentaria nessa empreitada. Não que eu me lembre, pelo menos. Talvez um emprego de meio expediente, que, evidentemente, pagaria todas as nossas contas. Tampouco resolvemos de que seria a tal faculdade.
Por muitos anos, eu achei que acabaria casando com um militar, como quase todas as mulheres da família. Moraria em vilas militares e faria mudança a cada dois anos, cuidando das crianças.  Teria dois filhos, um menino e uma menina, embora não me lembre se eles já tinham nomes, e eles provavelmente seguiriam o mesmo roteiro em suas vidas.
Eu só conheço uma pessoa que seguiu os planos de quando era criança, acho: meu irmão. E mesmo ele fez alguns ajustes no plano original. Ia ser piloto de caça e acabou optando por transportes. E como a gente já conhecia a rotina, não tinha muito o que imaginar, mesmo...
De resto, as coisas mais formidáveis aconteceram. Eu corri sozinha meia Europa e quase morri de desgosto quando tive que voltar para o Brasil, mas acabei me acertando com o Rio de Janeiro. Morei com avó, morei sozinha e agora moro com o namorado (que de milico não tem absolutamente nada) e a tão inesperada gata. Minha prima, que mal conseguia pensar em ficar longe da família, foi morar nos Estados Unidos, deve ir para a Ásia e nem sabe quando volta para o Brasil. Todos fomos nos assentando e fazendo planos que faziam mais sentido, de acordo com as nossas realidades, e acho que a rotina que todos nós imaginamos que teríamos acabou sendo bem diferente da que temos.
Até onde eu sei, todos nós estamos felizes e satisfeitos com nossas vidas reais, mas de vez em quando eu paro para lembrar do que pensava quando era pequena. De todos os planos "sem noção", das fantasias, e de como tudo isso se encaixava perfeitamente e de como sempre dava certo no final.

4 comentários:

  1. Fiquei curiosa pra saber o nome que vc deu pra sua fazenda quando era criança. A idéia era linda!

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    1. Hahahahahaha Acho que era Vila Viva Vida, Mari. Ainda por cima era poético

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    2. Adorei! Talvez vc possa transferir esse projeto da Vila Viva Vida pra sua aposentadoria, que tal?

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  2. Ih menina eu to meio atrasada nessas coisas... eu agora que cheguei na fase de querer se astronauta! Nunca soube o que queria ser quando criança...

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